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A Mesopotâmia: Os Sumérios


Se bem que não seja completamente correcto dizer que a história teve início na Suméria, é, no entanto, lá que encontramos os primeiros traços de muitos dos elementos que dizem respeito à cultura bíblica e mesmo à cultura moderna em geral. Sem as escavações arqueológicas, não disporíamos de qualquer informação.

Leis e valores morais.

Os cinco primeiros livros da Bíblia, denominados Pentateuco, falam em grande parte da leis de Moisés. Os livros de leis eram muito importantes na Mesopotâmia, pensemos por exemplo no código de Hamurabi, rei da Babilónia. As colecções mais antigas de leis provêm da Suméria. Uma delas, escrita durante o reinado de Ur-Nammu da terceira dinastia de Ur (cerca de 2000 a.C.), prevê coimas em da lei do talião (olho por olho) que encontramos na lei de Moisés. Embora haja diferenças das leis da Bíblia, encontramos muitas analogias entre a moral suméria e a bíblica. Num dos textos, podemos ler uma descrição da deusa Nanse: “Aquela que conhece o órfão e a viúva, aquela que conhece a forma como um homem oprime outro… É Nanshe quem cuida da viúva e quem trabalha em prol dos direitos dos mais pobres.” Encontramos um teor semelhante em Isaías 1:23: “Os teus príncipes são rebeldes e companheiros dos ladrões; cada um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não defendem o direito do órfão nem chega perante eles a causa das viúvas.”
A lista de valores morais dos Sumérios assemelha-se muito à lista de normas bíblicas: verdade, paz, justiça e aversão aos enganos, guerras, queixas e angústias. Os Sumérios acreditavam, tal como também é indicado
na Bíblia, que o homem era feito de barro “à imagem dos deuses.” Mas, ao contrário do relato bíblico da Criação, segundo eles o homem deveria permanecer imperfeito. No seu ponto , os deuses não diriam jamais “está bem.” Eles pensavam que um só deus tinha criado seis tipos de seres anormais. Isso implica que, para os Sumérios, o sofrimento fazia parte da criação, enquanto que na Bíblia o sofrimento está ligado à queda do homem.



Face ao sofrimento …
O livro de Job é uma obra literária importante sobre o sofrimento humano. Os Sumérios tratam deste problema num relato que se assemelha muito ao livro de Job. O relato a´´salienta a única saída para eum pensa estar a sofre injustamente glorificar a Deus e suplicar-Lhe que escute as orações. O herói da história era rico, sábio e justo, mas ficou doente. Ele perserverou nas suas orações ao seu deus que, finalmente, as atendeu. Tudo leva a crer que que o problema de Job era tão actual para os povos da antiguidade como é para o homem moderno.
Muitos outros paralelismos com a Bíblia situam-se na esfera da vida quotidiana. “É nosso destino morrer, gastemos pois as nossas posses” assemelha-se curiosamente a “comermos e bebamos, pois amanhã morreremos” (Isaías 22:13). “O sono do trabalhador é doce” vai no mesmo sentido do que é dito em Eclesiastes (5:12): “Doce é o sono do trabalhador, quer como pouco, quer muito (…)”



O deus Dumuzi no inferno.



Recordação do Éden.
A Bíblia situa o jardim do Éden no Oriente. Embora não conheçamos a sua localização exacta, admitimos geralmente que se possa ter situado na Mesopotâmia. Os Sumérios conservaram a recordação desse início paradisíaco a que chamavam Dilmun, o que corresponde talvez à ilha de Bahrein. Existem muitas semelhanças entre Dilmun e o Éden. A água de Dilmun provinha de uma fonte. As mulheres davam à luz sem dor e um dos habitantes foi amaldiçoado depois de ter comido plantas proibidas. No entanto, também existem grande divergências. A mais importante de todas era que o paraíso sumério não se destinava aos homens, mas apenas aos deuses. Apesar destas divergências, as analogias reforçam a ideia de que a história bíblica não é uma invenção.


Um outro texto sumério fala do deus Dumuzi, que morreu e desceu ao inferno. Pouco depois, ressuscitou. A ideia de salvação e de ressurreição para uma vida de perfeição futura é uma ideia fundamental na fé bíblica. Os homens dos tempos bíblicos aspiravam de tal forma a uma ressurreição que procuravam preservar o culto a Dumuzi, mesmo que sob uma forma corrompida. O profeta Ezequiel fala disso e pronuncia palavras severas de condenação. O princípio bíblico da ressurreição não se baseia nas ideias dos Sumérios, mas as duas concepções reflectem sem qualquer dúvida o objectivo final de Deus para o homem.
As semelhanças entre a mais antiga civilização da Mesopotâmia e a Bíblia não provam os princípios da fé crisão nem mesmo a fiabilidade histórica dos relatos bíblicos. Todavia, é tranquilizador constatar que o ensino bíblico que é importante para nós se reflecte na história de outros povos. Podemos presumir que a humanidade conhecia e apreciava os relatos que descreviam a formação do mundo. Muitos cristãos têm a convicção de que a Bíblia transmite essas histórias na sua forma mais pura. O facto de outras civilizações, como os Suméris, terem conhecimentos de relatos semelhantes só pode fortalecer a fé dos cristãos na veracidade da Palavra.


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